terça-feira, 10 de março de 2015

Lamento

É com tristeza, muita tristeza, que me vejo obrigada a encerrar, temporariamente (ou não) este blogue. Mas não tenho paciência para pessoas parvas que decidiram preencher os seus dias a fazerem-me perseguições. Pessoas que eu tenho quase a certeza quem são, o que é ainda mais triste. Quando decidi aparecer publicamente na blogosfera, assumindo a minha identidade para os conhecidos, sabia que corria este risco. Não sabia era que seria assim. E nesta fase da minha vida tudo aquilo que preciso é paz de espírito e tranquilidade.

Peço-vos desculpa. Peço-vos muita desculpa. Mas o Dear Kate fica por aqui. Quanto a mim, irei regressar à velha casa que vocês tão bem conhecem. Se quiserem regressar para lá comigo, ficarei muito feliz. Se optarem por não o fazer, compreendo perfeitamente pois não são obrigados a andar para trás e para a frente.

Obrigado a todos. Até já!


domingo, 8 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher


Que deveria ser lembrado todos os dias. Que deveria ser comemorado todos os dias. As mulheres deveriam ser lembradas todos os dias. Respeitadas. Tratadas como iguais. Infelizmente, não é assim. E nem me vou alongar mais no assunto. Apenas felicito todas as mulheres. As mulheres da minha vida: a minha mãe, as minhas amigas queridas. E vocês todas que estão desse lado.

Agora falo de um outro assunto. Depois de tantos anos como blogger, vejo-me agora a braços com comentários anónimos carregados de ironia e de ameaças disfarçadas. Acho que tornar o blogue público foi um erro. Acho que mudar foi um erro. Sinceramente, se isto continuar terei de encerrar este espaço. Este. Porque ninguém me paga nem ninguém me dá paciência para aturar isto.




sexta-feira, 6 de março de 2015

'No amor só o coração bate' - Contra a Violência Doméstica


Este vídeo de sensibilização contra a violência doméstica, realizado pela plataforma Maria Capaz, é fortíssimo. Mas, mesmo assim, não deixem de ver nem de partilhar. Temos de dizer BASTA, de uma vez por todas, à violência doméstica.


quinta-feira, 5 de março de 2015

Inspirações


Era um espaço incomum. Um tempo incerto, sem horas nem esperas, apenas estar por estar. Ela tinha um coração magoado e incerto. Já nada esperava. Já pouco sentia. Naquele espaço que era só um espaço e naquele tempo demorado e inquieto. Ele chegou, como o sol que chega no meio da tempestade, como a Primavera que tarda mas vem. Ele chegou. E o espaço que era apenas um espaço deixou de ser espaço para se colorir de encarnado e lilás, amarelo e verde esperança. E o tempo deixou de ser tempo, rendeu-se aos olhares que se cruzaram, às mãos que se tocaram como se não fosse a primeira vez. E ela rendeu-se à melodia. E ele ensinou-a a dançar ao som do bater descompassado do coração. E ela reaprendeu a sorrir. E ele continuou a sorrir, perdurando o momento além do tempo, que deixou de ser tempo e do espaço que deixou de ser espaço. E ela acreditou. Acreditou na verdade. Acreditou no sentir que ele sentia. E ele acreditou. Acreditou que acreditava que assim deveria ser. E o tempo, que não era tempo, passou, descansado e preguiçoso, como as manhãs de Domingo, as mesma que foram partilhadas até à exaustão. E o amor, que não era ainda amor, aconteceu. Como por magia, como ilusão. E ela deixou-se levar. E ele teimou levá-la, em viagens pelos céus, por entre as nuvens de algodão, até ao lugar onde dormem as estrelas e se pode ver o mundo ao contrário. Mas (sempre o mas, sempre o maldito mas) o rapaz dos olhos bonitos e das melodias doces mostrou apenas meia verdade. E ela apenas queria uma verdade inteira, por inteiro. E ele rasgou-lhe a esperança. E ela sentiu o coração quebrar como gelo. Quebrar e cair por terra, à velocidade das palavras que doeram, que doeram demais, de uma dor que não se escreve, apenas se sente. E ele prostrou-se por terra. E ela chorou e partiu o caminho em dois. E então o espaço, o mesmo que deixara de ser espaço, voltou a sê-lo, cinzento e cor de chuva, frio e solitário. E ela ali ficou, a lamber as feridas. E ele continuou, na incerteza da certeza, sem saber se ir, se ficar. E o tempo voltou a ser tempo, voltou a impor os dias que passam e o amor que não passa. E eles seguiram, por caminhos paralelos. Será que, lá à frente, quando o espaço deixar de ser espaço e o tempo deixar de ser tempo, se voltarão a encontrar?


quarta-feira, 4 de março de 2015

O grande (des)amor da minha vida


O grande amor da minha vida foi, também, o grande desamor da minha vida. Foi o melhor e o pior. O que mais me deu e o que mais me tirou. O que mais me mudou.

O grande amor da minha vida nunca teve a noção de que o foi. Se soubesse, se tivesse essa certeza, não teria feito o que fez. Ou então teria feito, exactamente, tudo o que fez. O grande amor da minha vida era um princípe. Encantado. Só lhe faltava o cavalo branco. Mas isso não tinha importância. No entanto, o princípe, sem cavalo branco, sorriso de menino e coração mau, era, afinal, um sapo disfarçado. Bem disfarçado. Demasiadamente bem disfarçado.

O grande amor da minha vida não o soube ser. Não mereceu essa condição que eu lhe dei. O grande amor da minha vida fez do meu coração um tabuleiro e jogou com os meus sentimentos. De forma suja. Com muita batota à mistura. E, no final, ganhou. E levou tudo o que em mim havia. O amor, que era só dele. O sorriso, que era por ele. Os versos insanos que, tantas e tantas vezes, lhe escrevi.

Graças a ele, ao grande amor da minha vida, perdi a auto-estima. Senti vergonha de mim. Fui humilhada. Mal tratada.

Graças a ele, ao grande amor da minha vida, vi o meu coração transformado em pedaços. Pedaços pequenos, muito pequenos, difíceis de voltar a colar.

Graças a ele, ao grande amor da minha vida, perdi a vontade de sorrir, a vontade de acreditar, a vontade de viver até.

Graças a ele, ao grande amor da minha vida, fechei o meu coração. Por tempo indeterminado. E já lá vão alguns anos. E ele continua fechado. Com medo. Sim, com medo. Porque deu muito trabalho restaurá-lo. Porque foi um processo doloroso e demorado. E pensar sequer na possibilidade de ele voltar a quebrar provoca-me arrepios.

Graças a ele, ao grande amor da minha vida, quase desisti de mim. Quase. Mas, um dia, como que por magia, decidi reerguer-me. Decidi não mais ter pena de mim. Decidi e percebi que a pessoa mais importante da minha vida sou eu. E que ninguém, ninguém, nem o grande amor da minha vida, tem o direito de me anular.

Reergui-me. Lutei para voltar à superfície. Consegui. Com muito esforço, com muita determinação, com muita força de vontade. Consegui reinventar-me. Consegui recuperar a minha auto-estima. Consegui voltar a gostar de mim, mais do que antes, mais do que nunca. Consegui voltar a sorrir. Por isso, e apesar de tudo, agradeço-lhe. Porque se não fosse esse grande amor da minha vida, eu não seria a mulher forte que sou hoje. Se um dia voltarei a conseguir amar verdadeiramente outro grande amor? Não sei. Apenas sei que, o grande amor da minha vida já não o é.


terça-feira, 3 de março de 2015

Ditadura Feminina


Vivemos num país livre e democrático. No entanto, continuamos a viver sob as mais variadas formas de ditadura. Uma delas, que me toca particularmente, é a ditadura feminina. Sim, ditadura feminina.

Quantas de nós já não foram criticadas pelos quilinhos a mais ou a menos, pelas olheiras mal disfarçadas ou pela roupa que, dizem, não deviam vestir? Muitas, acredito. Eu própria já passei por isso. Porque tenho um rabo acima da média, dizem, e umas pernas mais generosas, dizem também. Ou porque me visto como uma retro-hippie quando me dá na realgana. Ou porque tenho o cabelo cor-de-laranja (é ruivo, mas há muita gente daltónica por aí). Ou porque fiz uma tatuagem.  Ou, pior, dizem, porque sou enfermeira e fiz uma tatuagem. Querem ver que vai cair o carmo e a trindade por causa disso?

Todos os dias, muitas e muitas mulheres, são vítimas dessa ditadura disfarçada de ‘preocupação’. ‘Ai filha, estás mais gordinha, olha lá o colesterol’ quando, no fundo, querem mesmo é dizer ‘Estás uma valente lontra e eu sou muito melhor do que tu’. E o contrário também acontece: ‘Ai querida, estás tão magrinha, deves estar com anemia’ quando querem é insinuar ‘Mais pareces um pau de virar tripas' (como se diz cá no Norte). E, aliado a isso, vem o desdenhar. De tudo. Da roupa, do cabelo, da maquilhagem ou da falta dela, enfim. O pior de tudo isto é que este ataques gratuitos partem de outras mulheres. Incompreensível. Inaceitável. Ao invés de nos unirmos e lutarmos juntas por uma mesma causa, pela igualdade que ainda não há, pela força que temos e devemos demonstrar, não. Perdemos tempo na mesquinhez do ‘deita-abaixo’. E se há mulheres a quem tudo isto passa ao lado (ou que aprenderam a deixar tudo isto passar ao lado, como eu) há também aquelas que ainda se deixam abater por este tipo de comentários. E isso é grave, pode destruir a auto-estima e conduzir a caminhos nem sempre promissores.

O mais importante é que cada mulher se sinta bem como é, sem pressões nem imposições. Devemos fazer aquilo que queremos, que nos faz bem, não aquilo que os outros nos querem impor.

Tudo isto para dizer basta. Basta desta ditadura da perfeição. Basta de andarem de lupa na mão á procura do que não está tão bem. Basta de apontar o dedo. Uma mulher não se define pela número das suas calças nem pelo tamanho do seu rabo. Define-se sim pela sua atitude e pelo brilho que emana. Pela parte que me toca, só tenho uma coisa a dizer: ‘Tenho um rabo grande e então?’


Quero! #2


Natura

E estas meninas lindas bem que podiam vir morar cá para casa. Gosto tanto. E vocês?