sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Um questão de escolha


Quando escolhemos um caminho, há outro que, irremediavelmente, tem que ficar para trás, por percorrer. É mesmo assim. Não podemos ter o melhor de duas coisas. Não podemos ter o melhor de dois mundos. Talvez por isso nunca tenha gostado de escolher. Nunca. Desde criança, quando me perguntavam se preferia bolo de chocolate ou bolo de caramelo, se preferia a Barbie ou a Nancy, se escolhia entre a Bela Adormecida ou a Cinderela. Nos testes de avaliação e exames, nunca gostei das questões de escolha múltipla, sempre preferi as de resposta aberta, onde podia dar largas à imaginação (e tantas vezes ver a pontuação descontada por isso, porque escrevia demais, mas isso já são outros quinhentos). Mais tarde, quando me foi imposto escolher entre letras e ciências também não foi fácil. Se eu amava as duas por igual, porque tinha de escolher, perguntava-me eu. Agora, já adulta, continua a ser quase o mesmo. Não gosto de escolher. Não gosto de escolher entre duas coisas que gosto por igual.

Escolher não é fácil. Escolher dói. Exige maturidade. Exige desprendimento e desapego. Principalmente quando essa escolha pode condicionar toda a nossa vida. E se não for a escolha correcta? E se, quando chegarmos lá à frente, percebermos que não deveria ter sido assim? Será possível recuar? Será possível voltar atrás e escolher o outro lado? Não. Não é possível voltar a escolher por cima de uma escolha já feita e definida. Mas é sempre possível mudar o ritmo e as cores do caminho, tornando-o mais alegre e mais nosso. Temos de ter essa capacidade de discernimento para aceitar as consequências das nossas escolhas, sejam elas boas ou nem por isso.


2 comentários:

  1. Quando falaste na escolha entre as áreas que querias estudar lembrei-me do meu caso. Eu escolhi ciências mas quando lá cheguei odiei e não era nada daquilo que eu via para mim e mudei para artes. Há escolhas que fazemos que estão erradas mas essas escolhas acabam por nos ajudar a ver o que realmente queremos, a ver o que realmente gostamos e para onde devemos efectivamente ir :)

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  2. Mais que não seja, aprendemos sempre imenso com as escolhas que fazemos e ficamos muito mais ricos pessoalmente, intelectualmente e culturalmente. É sempre bom.

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