Vivemos num país livre e democrático. No entanto, continuamos a
viver sob as mais variadas formas de ditadura. Uma delas, que me toca
particularmente, é a ditadura feminina. Sim, ditadura feminina.
Quantas de nós já não foram criticadas pelos quilinhos a mais ou a
menos, pelas olheiras mal disfarçadas ou pela roupa que, dizem, não deviam
vestir? Muitas, acredito. Eu própria já passei por isso. Porque tenho um rabo
acima da média, dizem, e umas pernas mais generosas, dizem também. Ou porque me
visto como uma retro-hippie quando me dá na realgana. Ou porque tenho o cabelo
cor-de-laranja (é ruivo, mas há muita gente daltónica por aí). Ou porque fiz
uma tatuagem. Ou, pior, dizem, porque
sou enfermeira e fiz uma tatuagem. Querem ver que vai cair o carmo e a trindade
por causa disso?
Todos os dias, muitas e muitas mulheres, são vítimas dessa
ditadura disfarçada de ‘preocupação’. ‘Ai filha, estás mais gordinha, olha lá o
colesterol’ quando, no fundo, querem mesmo é dizer ‘Estás uma valente lontra e
eu sou muito melhor do que tu’. E o contrário também acontece: ‘Ai querida,
estás tão magrinha, deves estar com anemia’ quando querem é insinuar ‘Mais
pareces um pau de virar tripas' (como se diz cá no Norte). E, aliado a isso,
vem o desdenhar. De tudo. Da roupa, do cabelo, da maquilhagem ou da falta dela,
enfim. O pior de tudo isto é que este ataques gratuitos partem de outras
mulheres. Incompreensível. Inaceitável. Ao invés de nos unirmos e lutarmos
juntas por uma mesma causa, pela igualdade que ainda não há, pela força que
temos e devemos demonstrar, não. Perdemos tempo na mesquinhez do ‘deita-abaixo’.
E se há mulheres a quem tudo isto passa ao lado (ou que aprenderam a deixar
tudo isto passar ao lado, como eu) há também aquelas que ainda se deixam abater
por este tipo de comentários. E isso é grave, pode destruir a auto-estima e
conduzir a caminhos nem sempre promissores.
O mais importante é que cada mulher se sinta bem como é, sem pressões nem imposições. Devemos fazer aquilo que queremos, que nos faz bem, não aquilo que os outros nos querem impor.
Tudo isto para dizer basta. Basta desta ditadura da perfeição.
Basta de andarem de lupa na mão á procura do que não está tão bem. Basta de
apontar o dedo. Uma mulher não se define pela número das suas calças nem pelo
tamanho do seu rabo. Define-se sim pela sua atitude e pelo brilho que emana.
Pela parte que me toca, só tenho uma coisa a dizer: ‘Tenho um rabo grande e
então?’
Tenho de concordar. Há falta de solidariedade feminina: somos as primeiras a fazer bullying umas nas outras.
ResponderEliminarSem tirar nem pôr!
ResponderEliminarFelizmente já existe ou começa a existir, pelo menos, uma maior preocupação e consciencialização para o "bulling feminino".
Tens toda a razão, eu nesse campo sou felizmente como tu, pouco me importa o que dizem ou acham de mim.
ResponderEliminarTenho de concordar imenso contigo, a sério. E é bastante mau a sociedade feminina ser assim, mas acho que é por competição entre mulheres, por quererem agradar aos outros e não a si próprias primeiro. Sinceramente, pouco ou nada me importa que falem de mim. Desde que falem!
ResponderEliminarPalminhas para ti!!
ResponderEliminarRealmente é muito injusto a pressão que põem nas mulheres mas que nos homens não existe!
Beijinho*
Para mim isso é dor de cotovelo! Já começo a ignorar esses comentários.
ResponderEliminar*Beijinhos*
Caty<3
http://myfairytale4.blogspot.pt
Oh se isso acabasse era bom demais .. mas acho que é daquelas coisas que vai perdurar, infelizmente ...
ResponderEliminarTão, tão verdade! Amén.
ResponderEliminarUma vez li uma coisa que era um diálogo assim:
ResponderEliminarP1: Tens um rabo tão grande...
P2: Lamentavelmente não posso dizer o mesmo do teu cérebro!
Esta frase ficou-me na cabeça e fez-me rir de tal forma que hoje faz parte das «frases positivas» que coloquei num potinho de onde todas as manhãs retiro uma tirinha de papel com uma frase positiva diferente. Sempre que me calha esta sorriu.
E, como feminista ssumidérrima que sou, costumo sempre dizer: pior que homens machistas são mulheres de mentalidades machistas. É que é como tu dizes, devíamos era unir-nos e não espezinhar umas às outras porque X tem um par de mamas muito melhor que Y (por exemplo)
Não é um problema exclusivamente feminino. Concordo com tudo.
ResponderEliminarSem dúvida, citando a Jessica Athayde, que também escreveu um belo texto sobre este assunto, "mulheres que ainda não perceberam que cada vez que cedem à tentação de atacar outra mulher com base nas suas características físicas, estão a enfraquecer a condição feminina, em vez de lhe dar força."
ResponderEliminarParabéns pelo post, devia ser leitura obrigatória para todas as mulheres!
Excelente texto, não poderia estar mais de acordo!
ResponderEliminarxoxo, Sofia Pinto
Morning Dreams
Estou totalmente de acordo, somo as piores umas para as outras!
ResponderEliminar